quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Linguagem coloquial e culta


O que determina os níveis de fala?

Os dois grandes níveis de fala, o coloquial e o culto, são determinados pela cultura e pela formação escolar dos falantes, pelo grupo social a que eles pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra: conversando com amigos, expondo um tema histórico na sala de aula ou dialogando com colegas de trabalho.

Língua e fala

A língua, segundo o linguista Ferdinand de Saussure, 'é a parte social da linguagem', isto é, ela pertence a uma comunidade, a um grupo social – a Língua Portuguesa, a Língua Chinesa. A fala é individual, diz respeito ao uso que cada falante faz da língua. Nem a língua nem a fala são imutáveis. Uma língua evolui, transformando-se foneticamente, adquirindo novas palavras, rejeitando outras. A fala do indivíduo modifica-se de acordo com sua história pessoal, suas intenções e sua maior ou menor aquisição de conhecimentos. 

Nível culto 



O nível culto é utilizado em ocasiões formais. É uma linguagem mais obediente às regras gramaticais da norma culta. O nível culto segue a língua padrão, também chamada norma culta ou norma padrão.
Expressões populares ouvidas nas feiras livres são um bom exemplo do nível coloquial ou popular


Nível coloquial



O nível coloquial ou popular é utilizado na conversação diária, em situações informais, descontraídas. É o nível acessível a qualquer falante e se caracteriza por expressividade afetiva, conseguida pelo emprego de diminutivos, aumentativos, interjeições e expressões populares


É só uma mentirinha, vai!

Você me deu um trabalhão, nem te conto!

• Tendência a transgredir a norma culta:


Você viu ele por aí?
Você me empresta teu carro

• Repetição de palavras e uso de expressões de apoio:


Né? Você está me entendendo? Falou!

Gíria 



É uma variante da língua, falada por um grupo social ou etário. É a fala mais variável de todas, pois as expressões entram e saem 'da moda' com muita frequência, sendo substituídas por outras. Algumas se incorporam ao léxico, dando origem a palavras derivadas. É o caso de dedo-duro, que deu origem a dedurar.


Variedades geográficas ou diatópicas


São as variantes de uma mesma língua que identificam o falante com sua origem tradicional. Podemos distinguir entre elas:

• Dialetos: variantes da língua comum utilizadas num espaço geográfico delimitado. O dialeto é o resultado da transformação regional de uma língua nacional (o idioma). O açoriano e o madeirense, por exemplo, são dialetos do português. Algumas línguas têm uma origem histórica comum, mas por razões políticas ou econômicas uma delas ganhou status de língua, enquanto outras permaneceram como dialetos. As línguas românicas eram dialetos do latim. 


• Falares: modalidades regionais de uma língua cujas variações não são suficientes para caracterizar um dialeto. Às vezes, são apenas algumas palavras ou expressões ou mesmo certos tipos de construção de frases. A esse uso regional da língua também dá-se o nome de regionalismo.

A fala popular na literatura

O registro da  fala popular na literatura tem sido largamente empregado como forma de atribuir expressividade e veracidade ao texto. Na década de 1930, por exemplo, quando os escritores propunham uma literatura engajada e realista, o aproveitamento do nível coloquial pela transcrição dos falares regionais foi elemento fundamental para o sucesso do romance brasileiro:

'Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido:

– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho! 

[...] O capitão tomou seu terceiro copo de cachaça. Juvenal, que o observava com olhos parados e inexpressivos, puxou dum pedaço de fumo em rama e duma pequena faca e ficou a fazer um cigarro. 

– Pois le garanto que estou gostando deste lugar – disse Rodrigo. – Quando entrei em Santa Fé, pensei cá comigo: Capitão, pode ser que vosmecê só passe aqui uma noite, mas também pode ser que passe o resto da vida...' 


(O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo)

Fonte: http://www.brasilescola.com

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