segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Análise 12 - A Escrava Isaura


Escrito em 1875, em plena campanha abolicionista, este livro de Bernardo Guimarães conta as desventuras de Isaura, escrava educada, de caráter nobre, vítima de um senhor devasso e cruel.

Um grande sucesso editorial desde seu lançamento, o romance A Escrava Isaurapermitiu que Bernardo Guimarães se tornasse um dos mais populares romancistas de sua época no Brasil. Nessa obra, Guimarães pretende fazer um libelo antiescravagista e libertário e, talvez por isso, o romance exceda em idealização romântica, com o objetivo de "conquistar" a imaginação popular diante da situação intolerável do cativeiro.

O surgimento do romance

A publicação de romances em folhetins – os capítulos aparecendo a cada dia nos jornais – já era comum no Brasil desde a década de 1830. A maior parte desses folhetins era composta por traduções de romances de origem inglesa, como as histórias medievais de Walter Scott, ou francesa, como as aventuras dos Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Emocionados, os brasileiros acompanhavam as distantes aventuras de um Ivanhoé ou de um D'Artagnan, transportando-se, em espírito, para os campos e reinos da Europa.

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Embora fizessem sucesso, os primeiros romances brasileiros, publicados em folhetim, eram vistos pelos literatos "sérios" como "leitura agradável, diríamos quase um alimento de fácil digestão, proporcionado a estômagos fracos". 

O romance – gênero novo e "fácil", introduzido no Brasil por autores como Joaquim Manuel de Macedo e Teixeira e Sousa – ganharia status de literatura "séria" com José de Alencar.

Sobre A Escrava Isaura, o estudioso Manuel Cavalcanti Proença faz a seguinte observação:



"Numa literatura não muito abundante em manifestações abolicionistas, é obra de muita importância, pelo modo sentimental como focalizou o problema, atingindo principalmente o público feminino, que encontrava na literatura de ficção derivativo e caminho de fuga, numa sociedade em que a mulher só saía à rua acompanhada e em dias preestabelecidos; o mais do tempo ficava retida em casa, sem trabalho obrigatório, bordando, cosendo e ouvindo e falando mexericos, isto é, enredos e intrigas, como se dizia no tempo e ainda se diz neste romance."

Primeiros romances brasileiros

Na década de 1840, começam a aparecer os folhetins de autores nacionais, ambientados no Brasil. A tendência consolida-se nas décadas seguintes, com o público interessando-se, cada vez mais, por um romance de aventuras românticas passado num cenário brasileiro. O grande sucesso de público foi O Guarani (1857), de José de Alencar, em que as aventuras de Peri e sua amada Cecília se passam em meio à exuberante natureza fluminense, estimula os escritores a escrever suas histórias, usando como pano de fundo um ambiente nacional.


Para lembrar
Na década de 1870, a tendência nacionalista consolidou-se com o aparecimento das obras de Franklin Távora (1842-1888), autor de O Cabeleira (1876), e de Visconde de Taunay (1843-1899), autor de Inocência (1872). É nesse ambiente literário que aparece, em 1875, AEscrava Isaura, um dos maiores sucessos de público do período, em que Bernardo Guimarães explora uma das questões mais polêmicas da sociedade brasileira da época: a escravidão.


Enredo

A história se passa nos "primeiros anos do reinado de D. Pedro II", inicialmente numa fazenda em Campos dos Goitacazes (RJ). Isaura – escrava branca e bem-educada – é assediada pelo seu senhor, Leôncio, recém-casado com Malvina. Isaura recusa-se a ceder aos apelos de Leôncio. Para forçá-la a ceder, ele a manda trabalhar na senzala junto com outras escravas. Sempre resignada, Isaura suporta passivamente a decisão de seu senhor. Não cede a Leôncio, afirmando que ele, como proprietário, era senhor de seu corpo, mas não de seu coração: "Não, por certo, meu senhor; o coração é livre; ninguém pode escravizá-lo, nem o próprio dono". Leôncio, enfurecido, ameaça colocá-la no tronco.


A fuga

O pai de Isaura, no entanto – ex-feitor da fazenda de Leôncio –, foge com a filha para a cidade do Recife, em Pernambuco. Ali, Isaura usa o nome de Elvira e vive com o pai numa pequena casa. Conhece então Álvaro, por quem se apaixona e é correspondida. Vai a um baile com ele em que é reconhecida e desmascarada. Álvaro, ainda que surpreso, não se importa com o fato de ela ser uma escrava e resolve impedir que Leôncio a leve de volta, tentando para isso comprá-la. Mas não consegue convencer Leôncio, que leva Isaura de volta ao cativeiro na fazenda.


A derrota do vilão


Praticamente falido, Leôncio, tentando conseguir um empréstimo do pai de Malvina, reconcilia-se com a mulher, afirmando que Isaura é quem o assediava. Para punir Isaura, Leôncio ordena que ela se case com Belchior, jardineiro da fazenda. Mas Álvaro descobre a falência de Leôncio e compra a dívida dos seus credores, tornando-se proprietário de todos os seus bens, até de seus escravos. No dia do casamento de Isaura, antes que a cerimônia fosse celebrada, Álvaro aparece e reclama seus direitos a Leôncio. Derrotado e na miséria, Leôncio suicida-se. Tudo termina, portanto, com a punição dos culpados e o triunfo dos justos. Como bem o sintetizou Carlos Alberto Vecchi.


"A estrutura narrativa de A Escrava Isaura segue o modelo folhetinesco das histórias românticas: para atingir seu ideal e obter o reconhecimento de todos, o herói tem de realizar uma jornada perigosa, onde a própria vida é colocada em risco. O Amor, epicentro onde se debatem o Bem e o Mal, torna-se a força motriz que conduz ao restabelecimento do equilíbrio e da felicidade a todos que, em momento algum, se deixaram intimidar pelos desmandos de Leôncio. O Mal extirpado (o suicídio de Leôncio) cede lugar ao Bem. E aqueles que nortearam suas ações pelas virtudes maiores é que estão aptos a receber o prêmio daí decorrente."


Personagens

A obra apresenta a tríade comum aos romances populares românticos: vilão, heroína e herói. E, graças à ausência de profundidade com que são construídas, as personagens do romance são planas, estáticas e superficiais.

Isaura

A heroína escrava, Isaura, é branca, pura, virginal. De caráter nobre, demonstra "conhecer seu lugar". Em todo o romance suporta, conformada, a perseguição de Leôncio, as propostas de Henrique, as desconfianças de Malvina. Permanece emocionalmente escrava, mesmo tendo sido educada como uma dama da sociedade. Tem escrúpulos de passar por branca livre, acha-se indigna do amor de Álvaro e termina como a própria imagem da "virtude recompensada". Vejamos como Bernardo Guimarães descreve sua heroína:

"A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. [...] Na fronte calma e lisa como o mármore polido, a luz do ocaso esbatia um róseo e suave reflexo; di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando no seio diáfano o fogo celeste da inspiração."


Leôncio

É o vilão leviano, devasso e insensível. De "criança incorrigível e insubordinada" e adolescente que sangra a carteira do pai com suas aventuras, acaba por tornar-se um homem cruel e inescrupuloso. Casa-se com Malvina – linda, ingênua e rica – por ser "um meio mais suave e natural de adquirir fortuna". Persegue Isaura e se recusa a cumprir a vontade de sua mãe, já falecida, que queria dar-lhe a liberdade e alguma renda para que ela vivesse com dignidade. 


Álvaro


Rico herdeiro, homem nobre e de caráter impecável, "tinha ódio a todos os privilégios e distinções sociais, e é escusado dizer que era liberal, republicano e quase socialista". Jovem de ideias igualitárias, idealista e corajoso para lutar contra os valores da sociedade a que pertence. Sua conduta moral é assim descrita pelo autor: 


"Original e excêntrico como um rico lorde inglês, professava em seus costumes a pureza e severidade de um quaker. Todavia, como homem de imaginação viva e coração impressionável, não deixava de amar os prazeres, o luxo, a elegância e, sobretudo, as mulheres, mas com certo platonismo delicado, certa pureza ideal, próprios das almas elevadas e dos corações bem formados."


Apaixonado por Isaura, o grande obstáculo que Álvaro precisa vencer é o fato de Isaura ser propriedade legítima de Leôncio. Para isso, vai à Corte, descobre a falência de Leôncio, adquire seus bens e desmascara o vilão. Liberta Isaura e casa-se com ela, desafiando, assim, os preconceitos da sociedade escravocrata.


Miguel

Nas demais personagens, o processo de construção é o mesmo. Miguel, pai de Isaura, foge do conceito tradicional do mau feitor. Quando era feitor da fazenda de Leôncio, tratara bem os escravos e amparara Juliana, mãe de Isaura, nas suas desditas com o pai de Leôncio. Pai extremoso, deseja libertar a filha do jugo da escravidão e não mede esforços para isso. 


Martinho

É o protótipo do ganancioso: cabeça grande, cara larga, feições grosseiras e "no fundo de seus olhos pardos e pequeninos, [...] reluz constantemente um raio de velhacaria". Por querer ganhar muito dinheiro entregando Isaura ao seu senhor, acaba por não ganhar nada da escravidão e não mede esforços para isso.


Belchior

Símbolo da estupidez submissa, sua descrição física serve para demonstrar sua conduta: feio, cabeludo, atarracado e corcunda. O crítico Manuel Cavalcanti Proença aponta "o parentesco entre o disforme e grotesco (de gruta) Belchior e o Quasímodo de O Corcunda de Notre Dame,de Victor Hugo, romance de extraordinária voga, ainda não de todo perdida, no Brasil." 


Dr. Geraldo

Advogado conceituado, serve como fiel da balança para Álvaro, procurando equilibrar os arroubos do amigo e mostrando-lhe a realidade dos fatos. Quando Álvaro, revoltado com a condição de Isaura e indignado com os horrores da escravidão, dispõe-se a unir-se a ela, mesmo sabendo que escandalizaria a sociedade, Geraldo retruca, lucidamente, que a fortuna de Álvaro lhe dá independência para "satisfazer os teus sonhos filantrópicos e os caprichos de tua imaginação romanesca". O que não é, na verdade, característica restrita apenas à sociedade escravocrata do século XIX. 


Concessão ao preconceito? 

Este romance já foi considerado, com bastante exagero, uma espécie de A Cabana do Pai Tomás (1851) nacional. Mas Bernardo Guimarães, ao contrário da romancista norte-americana Harriet Beecher Stowe, detém-se muito pouco na descrição dos sofrimentos provocados pelo regime escravocrata. Ele coloca na boca de alguns personagens, como Álvaro e seus amigos, estudantes no Recife, algumas frases abolicionistas. Entretanto, parece tomar bastante cuidado para não provocar a fúria dos seus leitores conservadores. Está mais preocupado em contar as perseguições do senhor cruel à escrava virtuosa e, assim, conquistar a simpatia do leitor. 


Um personagem para a sociedade 

Bernardo Guimarães faz questão de ressaltar exaustivamente a beleza branca e pura de Isaura, que não denunciava sua condição de escrava porque não apresentava nenhum traço africano. Era educada e nada havia nela que "denunciasse a abjeção do escravo". O que parece uma escolha preconceituosa e contraditória – contar as agruras da escravidão criando uma escrava branca – talvez seja melhor compreendido se levarmos em conta que a maior parte do público que consumia romances na época era composta por mulheres da sociedade, que apreciavam as histórias de amor. Somem-se a isso o modelo de beleza feminino de então – pele nívea e maçãs rosadas do rosto – e, principalmente, o objetivo do autor de conquistar a solidariedade do leitor por meio de Isaura, mostrando a que ponto podia chegar o regime escravocrata: "fisicamente, Isaura não é diferente das damas da sociedade, mas, por ser escrava, é obrigada a viver como os de sua classe, como objeto útil nas mãos de seu senhor", segundo afirma a crítica Maria Nazareth Soares Fonseca. 

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O autor claramente conseguiu o que queria. A sociedade brasileira do século XIX, que tanto se apiedou das desventuras de Isaura, aceitou-a porque ela era branca e educada. O autor pôde, assim, demonstrar, por meio do sofrimento da personagem, o quanto "é vã e ridícula toda a distinção que provém do nascimento e da riqueza".


Influência

Se a obra de Bernardo Guimarães teve influência do ultrarromântico A Cabana do Pai Tomás, talvez tenha sido apenas no que o crítico Alfredo Bosi aponta como referência: a cena da fuga de Campos para o Recife,"talvez sugerida pela fuga de Elisa através dos gelos flutuantes de Ohio para a liberdade no Norte e por fim no Canadá". O fato é que, como lembra o crítico, só depois do lançamento de A Cabana do Pai Tomás a literatura brasileira começou a ser povoada de feitores cruéis e de escravos virtuosos".


A linguagem

O tratamento exageradamente romântico que o autor aplica neste livro faz com que tenha um caráter mais de lenda do que de realidade, ao contrário de seus outros romances, como O Ermitão de Muquém (1864), O Seminarista (1872) e O Garimpeiro(1872). Nessas obras, a descrição regionalista do ambiente físico e social proporciona mais verossimilhança à trama.  

Em A Escrava Isaura, o excesso de imaginação traduz-se em "idealização descabida", como afirma Antonio Candido, que se concretiza no plano da linguagem em descrições repetitivas e mecânicas das personagens, com abuso de adjetivos redundantes. Observe-se a descrição de Isaura quando se senta ao piano no salão de baile, em Recife:


"A fisionomia, cuja expressão habitual era toda modéstia, ingenuidade e candura, animou-se de luz insólita; o busto admiravelmente cinzelado ergueu-se altaneiro e majestoso; os olhos extáticos alçavam-se cheios de esplendor e serenidade; os seios, que até ali apenas arfavam como as ondas de um lago em tranqüila noite de luar, começaram de ofegar, túrgidos e agitados, como oceano encapelado; seu colo distendeu-se alvo e esbelto como o do cisne, que se apresta a desprender os divinais gorgeios. Era o sopro da inspiração artística, que, roçando-lhe pela fronte, a transformava em sacerdotisa do belo, em intérprete inspirada das harmonias do céu." 

O amor e a donzela inexpugnável


"Os motivos que compõem romance", segundo Cavalcanti Proença, "são filiados nos velhos e perenes topos [ou temas] da literatura popular. O amor à primeira vista é um deles. Ver e amar é um verbo só. E isso porque a narrativa não é a história de um amor, mas dos sofrimentos do amor. [...] Para isso se entretecem os conflitos de escrava que não tem direito de amar, os do homem casado que não deve trair a esposa. (Amor verdadeiro só o primeiro.)".  



Anote!
Entre os temas há um que remonta à literatura medieval e que domina a narrativa a partir da descrição de Isaura como pura e virtuosa, lutando contra a luxúria do seu senhor. É o da donzela inexpugnável, que defende sua pureza com todas as forças, preferindo arriscar-se à morte na fuga a se entregar sexualmente.


Precursores dos folhetins

Entre os precursores da literatura folhetinesca está o romancista e tipógrafo inglês Samuel Richardson (1689-1761). 


A sua novela Pamela, ou a Virtude Recompensada, publicada em 1741, certamente é uma das fontes de inspiração mais contundentes para a composição do romance de Bernardo Guimarães. Nessa obra, Richardson narra as desventuras de Pamela Andrews, filha de camponeses educada por uma senhora nobre que, ao morrer, a entrega aos cuidados de seu filho, o Conde de Belfart. Esse jovem, inescrupuloso, atenta contra a virtude de Pamela, assediando-lhe com ameaças vis e acaba por entregar-lhe a uma vulgar alcoviteira. Mas Pamela, como Isaura, consegue defender-se, mantendo intacta a sua honra. Acaba por comover com suas lágrimas abundantes o Conde de Belfart que, arrependido, termina se casando com a heroína.  

Temática brasileira
   

Bernardo Guimarães acrescenta à trama romanesca inventada por Richardson a figura do cavalheiro salvador Álvaro e a temática bem brasileira da escravidão. Também Castro Alves – o maior dos nossos escritores abolicionistas – refere-se à defesa da virtude das escravas, em poemas como "Súplica", do livro Os Escravos (1883): 


"Que a donzela não manche em leito impuro 
A grinalda do amor.
Que a honra não se compre ao carniceiro
Que se chama senhor."

Vida e obra

Um escritor popular


Bernardo Guimarães foi um defensor da liberdade para os escravos Bernardo Joaquim da Silva Guimarães, filho de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães e João Joaquim da Silva Guimarães, nasce na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, em 15 de agosto de 1825. Aos 4 anos, muda-se com a família para Uberaba, onde faz o curso primário. Inicia osecundário em Campo Belo e termina em Ouro Preto. Em 1847, aos 24 anos, matricula-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Ao contrário dos estudos jurídicos, de que não gostava e por pouco não fora reprovado, o ambiente acadêmico – boêmio, festivo e influenciado pelas ideias do Romantismo – atraía-o e estimulava-o a desenvolver sua vocação pela Literatura. 

Contemporâneo de escritores e poetas como José de Alencar e Casimiro de Abreu, torna-se amigo íntimo dos poetas Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa. Tudo indica – mas nada prova – que tenha participado da famosa "Sociedade Epicureia". A capital paulista era, então, habitada por não mais de 15 mil pessoas, que viviam escandalizadas com as aventuras devassas dessa sociedade secreta de estudantes, fundada em 1845. Seus membros, alunos da Academia, chamavam-se uns aos outros pelos nomes das personagens do poeta inglês Lord Byron e tinham como objetivo principal colocar em prática as "extravagantes fantasias" do poeta. Realizavam orgias intermináveis e, diz a lenda, cerimônias macabras nos cemitérios paulistanos. 

Um juiz famoso por seus romances


Antes da morte precoce de Álvares de Azevedo (1831-1852), os três amigos planejavam publicar um livro de versos, intitulado As Três Liras, nunca concretizado. Terminado o bacharelado em Direito, em 1852, Bernardo Guimarães é nomeado juiz municipal de Catalão, em Goiás, e publica, nesse mesmo ano, Cantos da Solidão, seu primeiro livro de poemas. Depois de passar seis anos em Goiás, o escritor muda-se para o Rio de Janeiro e, entre 1858 e 1860, trabalha como jornalista e crítico literário no jornal Atualidade. Retorna a Goiás em 1861, novamente como 

juiz municipal de Catalão. No mesmo ano, resolve absolver e libertar todos as pessoas presas por delitos de pouca importância, uma vez que a cadeia pública estava abarrotada. Faz isso num julgamento sumário, ousadia que lhe rende um processo. Defende-se e é absolvido, mas sua carreira jurídica fica comprometida. 

O professor

Em 1864, vai para o Rio de Janeiro e, em 1866, volta para Ouro Preto, onde se casa com Teresa Maria Gomes, com quem tem oito filhos. Em Ouro Preto, leciona Retórica e Poética no Liceu Mineiro durante pouco tempo, pois o curso logo é extinto. 


Em 1873, em Queluz (MG), o fato se repete: o curso de Latim e Francês, ministrado por Bernardo Guimarães, também é cancelado. Basílio de Magalhães, um dos seus biógrafos, acredita que o motivo é o mesmo em ambos os casos: a ineficiência de Bernardo Guimarães como professor e sua pouca assiduidade às aulas. 

Escritor de prosa de ficção



A partir de 1869, Bernardo Guimarães começa a se destacar como escritor de prosa de ficção, com a publicação de seu primeiro romance, O Ermitão de Muquém. Três anos depois, publica duas de suas principais obras: O Seminarista e O Garimpeiro. Mas é com a primeira edição de A Escrava Isaura, em 1875, que o escritor ganha fama e popularidade. Bernardo Guimarães morre no dia 10 de março de 1884, aos 58 anos, na cidade de Ouro Preto. Deixa inacabadas as obras A História de Minas Gerais, encomendada pelo imperador D. Pedro II, em 1881, e o romance O Bandido do Rio das Mortes. Doze anos após sua morte, em 1896, o autor é designado patrono da cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br

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