segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Análise 08 - Fogo Morto


Publicado em 1943, Fogo Morto, de José Lins do Rego é a última obra-prima do regionalismo neorrealista que surgiu no Brasil na década de 30.

O regionalismo de 1930

A prosa de ficção dos anos 30 dá continuidade ao projeto político-literário dos primeiros modernistas – os da chamada fase heróica de 1922 –, utilizando-se de uma Literatura regionalista, de caráter neorrealista, para mostrar os problemas e as desigualdades sociais do Brasil. Prevalece, porém, uma narrativa direta sem as ousadias formais dos romances de Oswald de Andrade, como Memórias Sentimentais de João Miramar, ou Macunaíma, de Mário de Andrade.

Linguagem coloquial

Os regionalistas de 1930, como Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, enfatizam o uso da linguagem coloquial, popular na arte literária. Mas, enquanto os modernistas de 1922 procuravam "escrever errado", reproduzindo as incorreções gramaticais da fala popular, os regionalistas de 1930, livres das convenções da linguagem acadêmica, escrevem com simplicidade, apenas ocasionalmente desrespeitando a norma culta da Língua Portuguesa. 

O ciclo da cana-de-açúcar

Casa-grande, senzala e engenho do século XVII.
Grande contador de histórias, José Lins do Rego é diretamente influenciado pelo regionalismo do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, autor de Casa Grande e Senzala. O romance Fogo Morto faz parte dessa literatura regionalista e é, também, o último suspiro da série de romances a que o próprio José Lins do Rego chamou de "O Ciclo da Cana-de-Açúcar". Esse ciclo é formado por obras que têm como matéria básica o engenho Santa Rosa, do velho coronel José Paulino, avô do alter ego do autor, Carlos de Mello.

• Em Menino de Engenho (1932), primeiro romance do ciclo, José Lins do Rego mostra, de maneira lírica e saudosista, o ambiente de engenho em que o garoto Carlinhos vive após seu pai, desequilibrado mental, ter assassinado a mãe. Criado entre os "moleques de bagaceira", o garoto cresce sob o poder patriarcal avassalador do avô José Paulino. Aos 12 anos, conhece a sexualidade com a "rapariga" Zefa Cajá, de quem contrai uma "doença do mundo". Por fim, é mandado ao colégio interno, para "endireitar", perder os hábitos da "bagaceira", e se tornar um legítimo "senhor de engenho". 

• Após descrever a vida de Carlos de Mello no colégio interno em Doidinho (1933), José Lins do Rego mostra-nos o seu retorno ao Santa Rosa, aos 24 anos, já formado em Direito, no romance seguinte, Bangüê (1934). Carlinhos tenta, então, readaptar-se ao engenho, sempre permeado por uma sensação de impotência frente ao espírito autoritário de seu velho avô. Após a morte do velho José Paulino, Carlos acaba por levar o Santa Rosa à ruína, vende o engenho ao tio Juca e abandona para sempre as 
suas terras.

• Considerado pelo autor o último livro do ciclo, Usina (1936) apresenta o engenho transformado na usina Bom Jesus. Dirigida pelo doutor Juca, a usina vai perdendo sua força. Pressionada por interesses estrangeiros e pela usina Santa Fé, que domina toda a região, a Bom Jesus acaba invadida por miseráveis em busca de alimentos e, por fim, doutor Juca acaba por vender e abandonar a usina melancolicamente. 

• Mas o engenho Santa Rosa, assim como alguns de seus moradores, voltaria a aparecer na obra-prima de José Lins do Rego, Fogo Morto.

Anote!
O ciclo apresenta o processo de decadência dos engenhos da Zona da Mata nordestina que perdem seu poder e são engolidos pelas forças emergentes da usina e do capitalismo moderno.

Canavial na Zona da Mata nordestina, cenário de Fogo Morto.
O ciclo, segundo o autor

Em nota à primeira edição de Usina, o próprio escritor nos explica suas intenções ao realizar esse ciclo de romances: 


"Com Usina termina a série de romances que chamei um tanto enfaticamente de 'Ciclo da Cana-de-Açúcar'. 

A história desses livros é bem simples – comecei querendo apenas escrever umas memórias que fossem as de todos os meninos criados nas casas-grandes dos engenhos nordestinos. Seria apenas um pedaço de vida o que eu queria contar. Sucede, porém, que um romancista é muitas vezes o instrumento apenas de forças que se acham escondidas no seu interior. 

Veio, após o Menino de Engenho, Doidinho, em seguida Bangüê. Carlos de Mello havia crescido, sofrido e fracassado. Mas o mundo do Santa Rosa não era só Carlos de Mello. Ao lado dos meninos de engenho havia os que nem o nome de menino podiam usar, os chamados "moleques de bagaceira", os Ricardos. Ricardo foi viver por fora do Santa Rosa a sua história que é tão triste quanto a do seu companheiro Carlinhos. Foi ele do Recife a Fernando de Noronha. Muita gente achou-o parecido com Carlos de Mello. Pode ser que se pareçam. Viveram tão juntos um do outro, foram tão íntimos na infância, tão pegados (muitos Carlos beberam do mesmo leite materno dos Ricardos) que não seria de espantar que Ricardo e Carlinhos se assemelhassem. Pelo contrário. Depois do Moleque Ricardo veio Usina, a história do Santa Rosa arrancado de suas bases, espatifado, com máquinas de fábrica, com ferramentas enormes, com moendas gigantes devorando a cana madura que as suas terras fizeram acamar pelas várzeas. Carlos de Mello, Ricardo e o Santa Rosa se acabam, têm o mesmo destino, estão tão intimamente ligados que a vida de um tem muito da vida do outro. 

Uma grande melancolia os envolve de sombras. Carlinhos foge, Ricardo morre pelos seus e o Santa Rosa perde até o nome, se escraviza."

Rio de Janeiro, 1936
J. L. R.


A obra-prima

Embora o autor tenha dado o ciclo por encerrado com a publicação de Usina, em 1936, ele lançaria Fogo Morto sete anos mais tarde. Nessa obra, retoma a mesma ideia nuclear dos romances anteriores, assim como o engenho Santa Rosa e a figura do coronel José Paulino, ainda que de maneira periférica. 

Para lembrar
O romance Fogo Morto pode ser considerado como um integrante tardio do "Ciclo da Cana-de-Açúcar", embora o próprio autor tenha afirmado que a série se encerrava com o romanceUsina.

Além disso, Fogo Morto é considerada a obra-prima do ciclo. O autor minimiza o caráter autobiográfico e nostálgico das obras precedentes e acrescenta à sua extraordinária facilidade de narrar, que mais lembra a de um contador de histórias, oralidade, naturalidade, objetividade e consciência compositiva que o caráter sentimental e espontâneo das obras anteriores encobria. 


Anote!
Em Fogo Morto, o romancista maduro e consciente sobrepõe-se ao memorialista nostálgico para construir sua obra-prima, que sintetiza, aprofunda e condensa os outros romances do ciclo.

Caricatura de José Lins do Rego.

O espaço e o tempo

O romance se passa no município de Pilar, na Zona da Mata paraibana, às margens do rio Paraíba, distante cerca de 50 quilômetros de João Pessoa, próximo a Itabaiana. A maior parte da ação se desenvolve nas terras do engenho Santa Fé, nos arredores de Pilar, e apenas a última seção tem uma boa parte que se passa na cidade. 


A trama desenrola-se durante os primeiros anos do século XX, com uma regressão temporal à época da fundação do engenho Santa Fé, em 1850. E, embora seja traçada rapidamente a história do engenho até o momento narrado, as ações em si não duram mais do que alguns meses. 

O título

Os "engenhos" do Nordeste eram, originalmente, estabelecimentos agrícolas destinados à cultura da cana e à fabricação do açúcar. Com o tempo, surgem as usinas, estabelecimentos especializados apenas no processamento da cana para a produção do açúcar. As usinas não plantam a cana. Elas compram dos engenhos a cana-de-açúcar ainda não-processada. 


Anote!
Com o surgimento das usinas, os engenhos vão deixando de "botar", ou seja, moer a cana para a fabricação do açúcar, tornando-se engenhos "de fogo morto" – que apenas vendem matéria-prima às usinas.


Perdem, assim, boa parte de seu poder, tornando-se reféns dos preços pagos pelas usinas. É como se encontra, ao final de Fogo Morto, o decadente engenho Santa Fé.

Estrutura triangular

Fogo Morto é dividido em três partes. Cada uma delas traz no título o nome de um dos três personagens principais do romance. Mas as três partes se entrecruzam e os personagens aparecem ao longo de todo o livro: o coronel Lula de Holanda, senhor de engenho inepto e decadente; o mestre José Amaro, seleiro pobre e orgulhoso; e Vitorino Carneiro da Cunha, o "Papa-Rabo", um estabanado defensor dos oprimidos.


Anote!
Mistura de D. Quixote e Sancho Pança, Vitorino, em sua busca ingênua por justiça, estabelece as relações entre todos os personagens, servindo como ponto central da narrativa.


Primeira parte: o mestre José Amaro

A primeira parte do romance centra-se na casa, à beira da estrada, no engenho Santa Fé, do mestre José Amaro. Orgulhoso e machista, recusa-se a ser dominado por qualquer um, só trabalha para quem escolhe e admira o cangaceiro Antônio Silvino. Boa parte desse trecho da obra é construída por meio dos diálogos travados por José Amaro com os passantes, entre eles, o compadre Vitorino Carneiro da Cunha, apelidado pelas crianças de "Papa-Rabo". 

O mestre irrita-se com o coronel Lula de Holanda, dono das terras em que mora, a quem sempre vê cruzando a estrada em seu cabriolé sem jamais parar para cumprimentá-lo. Vai adiando, portanto, atender ao chamado do coronel para que vá com ele conversar na casa-grande. Nessa parte, pode-se acompanhar o lento processo de enlouquecimento de Marta, sua filha, que José Amaro bate para tentar curar. 

O mestre recebe uma encomenda de compras de Antônio Silvino e sente-se muito orgulhoso em poder ajudá-lo. Seu caráter fechado e ranzinza vale-lhe a fama de se transformar em "lobisomem" e as pessoas temem encontrá-lo à noite. Por fim, tem de mandar a filha para o hospício no Recife e acaba por atender ao chamado do coronel Lula, que lhe ordena que se retire de suas terras.

Segunda parte: o engenho de "seu" Lula

No início da segunda parte do livro, temos uma regressão temporal, com o narrador retornando a 1850 ao contar a fundação do engenho Santa Fé pelo capitão Tomás Cabral de Melo. Mudando-se para a região antes de 1848, ele compra as terras e funda o engenho, o qual faz prosperar. Casa sua filha Amélia com Lula Chacon de Holanda, seu primo, que pouco interesse ou aptidão tem para dirigir o engenho. Adoentado, deixa sua mulher, dona Mariquinha, dirigir os negócios. Quando morre, Lula entra em disputa com a sogra e acaba por tomar-lhe as terras e o poder.

Castigando os escravos com requintes de crueldade, andando com seu cabriolé para cima e para baixo, "seu" Lula vai se afastando cada vez mais do povo de Pilar e seu engenho entra em total decadência quando vem a abolição e seus escravos debandam. Autoritário, impede os homens de se aproximar da filha. Epiléptico, tem um ataque na igreja e passa a se dedicar com fervor à religião. Empobrecido, gasta até as últimas moedas de ouro que lhe deixou o sogro. Sente uma inveja enorme de seu vizinho José Paulino e de seu engenho Santa Rosa e despreza o espírito quixotesco de Vitorino Carneiro da Cunha. Essa parte encerra-se com a frase melancólica: "Acabara-se o Santa Fé".

Terceira parte: o capitão Vitorino

A primeira edição de Fogo Morto, capa e frontispício.

Na terceira e última parte do romance, predomina a ação. O capitão Antônio Silvino invade a cidade de Pilar, saqueando casas e lojas. Invade o engenho Santa Fé, ameaça os moradores em busca do ouro escondido. Tentando defender o engenho, Vitorino é agredido e só a intervenção de José Paulino faz com que os cangaceiros desistam. Vitorino apanha também da polícia. Mestre José Amaro e seus companheiros são presos e agredidos.

No final, após serem libertados, Vitorino e o mestre José Amaro seguem rumos diferentes. O primeiro pensa em influir politicamente na região. O segundo, abandonado pela mulher, com a filha louca e expulso de sua casa, acaba por cometer suicídio, enquanto o cabriolé de "seu" Lula passa pela estrada e o Santa Fé vira "engenho de fogo morto".

As mulheres: filhas e esposas

Há uma sinistra simetria entre a sofredora filha de José Amaro, Marta, solteirona que aos poucos enlouquece, e as duas filhas dos senhores do engenho Santa Fé, seus antagonistas. A filha mais nova do capitão Tomás Cabral de Melo, Olívia, enlouquece e perturba o silêncio áspero da casa-grande com seus gritos. Já a filha do coronel Lula de Holanda, Neném, impedida pelo pai de casar-se, é melancólica e soturna. Sem filhos homens, os opositores, ensimesmados, machistas e teimosos, acabam destruindo suas filhas. As mulheres dos protagonistas também assemelham-se muito. Sinhá Velha e Sinhá Adriana são mais práticas e racionais do que os maridos José Amaro e Vitorino, respectivamente, mas pouco podem contra o machismo e a teimosia dos homens.

No engenho Santa Fé, as esposas sempre se mostram mais decididas e práticas do que o impotente Lula Chacon. Sua sogra, dona Mariquinha, comanda o engenho até a morte do marido, quando é passada para trás por Lula, que se mostra muito menos competente no comando do engenho e acaba por ser dirigido, sutilmente, por sua mulher, dona Amélia. 

Polícia ou bandido

Polícia e bandido também assemelham-se muito. Tanto o capitão Antônio Silvino, o cangaceiro, quanto o tenente Maurício, chefe das tropas policiais, abusam da violência, ameaçam a todos, espancam o sonhador Vitorino e espalham o terror por onde passam. Mesmo se o povo, representado por José Amaro, respeita mais o cangaceiro. Suas ações, porém, comprovam, como constata Vitorino, que ele utiliza métodos abusivos e muito próximos do terror implantado por seu opositor.

Vida e obra
Um grande contador de histórias

José Lins do Rego Cavalcanti nasceu no engenho Corredor, município de Pilar (Paraíba), em 3 de junho de 1901 e morreu no Rio de Janeiro em 1957. Órfão de mãe e com o pai ausente, foi criado (como seu personagem Carlos de Mello) no engenho do avô materno. Estudou inicialmente no interior da Paraíba, em Itabaiana, e depois na capital. Fez o curso superior na Faculdade de Direito em Recife, Pernambuco. 

Começou a escrever contos e artigos de temática política ainda estudante. Nessa época, iniciou sua amizade com José Américo de Almeida e Olívio Montenegro. Em 1923, conheceu Gilberto Freyre (1900-l987), recém-chegado da Europa. Junto com eles, integrou o chamado "Grupo Modernista do Recife". José Lins dizia que, após conhecer Gilberto Freyre – sociólogo e escritor, autor de Casa-Grande e Senzala (1933) –, sua vida nunca mais foi a mesma: "De lá pra cá foram outras as minhas preocupações, [...] os meus planos, as minhas leituras, os meus entusiasmos". Sob a influência de Gilberto Freyre começou a escrever romances regionalistas.

Caricatura de José Lins do Rego.

Em 1924, casou-se com Philomena Massa (dona Naná). Teve três filhas: Maria Elizabeth, Maria da Glória e Maria Cristina. 

Em 1925, foi promotor público em Minas Gerais. Em 1926, transferiu-se para Maceió (Alagoas), onde trabalhou como fiscal de bancos por nove anos e conviveu com Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima e outros. O contato com estes e outros artistas formou uma consciência regionalista em torno da vida nordestina, que marcou a obra de todos eles, especialmente a de José Lins do Rego. Em Maceió, escreveu os três primeiros romances: Menino de EngenhoDoidinho Bangüê. Seu livro de estreia, Menino de Engenho, foi publicado em 1932 e recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha. Muito bem recebida pela crítica, a edição de 2.000 exemplares foi quase totalmente vendida no Rio de Janeiro. 

Em 1935, nomeado fiscal do Imposto de Consumo, foi para o Rio de Janeiro, onde passou o resto de sua vida. Esteve em países sul-americanos, na Europa e no Oriente. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 15 de setembro de 1955. Dois anos depois, em 12 de setembro de 1957, morreu e foi enterrado no mausoléu da Academia, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

José Lins do Rego publicou 12 romances, um volume de memórias (Meus Verdes Anos), um de literatura infantil (Histórias da Velha Totônia), além de livros de viagem, conferências e crônicas. Seus romances são normalmente classificados em "ciclos" – séries de obras versando sobre os mesmos temas. O "Ciclo da Cana-de-Açúcar" incluiMenino de Engenho, DoidinhoBangüêUsina e Fogo Morto. O "Ciclo do Cangaço, Misticismo e Seca" inclui Pedra Bonita e Cangaceiros. Algumas obras têm implicações nos dois ciclos, como O Moleque RicardoPurezaRiacho Doce; outras não participam de séries, como Água-Mãe e Eurídice

A aridez agreste e a exuberância da zona da mata

Graciliano Ramos (1892-1953), um dos grandes escritores regionalistas surgidos na década de 30, foi grande amigo e admirador de José Lins do Rego, desde o primeiro encontro em Maceió, no início dos anos 30. Mesmo quando, em 1945, eles polemizaram pelos jornais sobre o Partido Comunista. Graciliano Ramos, que ingressara no partido, encerrou seu artigo com estas palavras de amizade: "Sinto discordar do meu velho amigo José Lins, grande cabeça e enorme coração". O "velho Graça" jamais esqueceria que, ao ser preso pela ditadura Vargas durante o ano de 1936, José Lins do Rego fora um dos brasileiros mais empenhados em conseguir sua libertação. Mas suas diferenças não foram apenas políticas.


Para lembrar 
Enquanto a escrita de Graciliano era seca e contida como o sertão que descreve em Vidas Secas, a de José Lins era exuberante e derramada, como a natureza pródiga da Zona da Mata que abriga os engenhos de seus romances. Mas Fogo Morto, o mais contido e elaborado romance de José Lins, aproxima-se do colega alagoano ao apresentar a desumanização do homem nordestino.


No romance São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos, o narrador Paulo Honório, trabalhador braçal semi-alfabetizado, enriquece e compra, além da fazenda São Bernardo, sua esposa, a professora Madalena. Com um ciúme que remete a Dom Casmurro, de Machado de Assis, Paulo Honório é abandonado por todos após o suicídio da esposa. Descreve-se, então, como "um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes". Esse homem que se destrói na incapacidade de refletir ou de sentir além da ganância e dos instintos básicos, descreve-se como um "lobisomem". É assim que o povo da região vê o mestre José Amaro. E é como um "Papa-Rabo" que vêem o capitão Vitorino.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br


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